O ENEM de 2013 trouxe uma novidade que certamente causou polêmica e despertou o interesse dos estudantes: um jogo de apostas. A ideia era simples: os candidatos poderiam apostar em seu desempenho nas provas, com a possibilidade de ganhar dinheiro caso suas expectativas fossem atingidas. No entanto, como em qualquer jogo de apostas, havia também o risco de perder dinheiro.

Em termos práticos, o jogo consistia em escolher uma das cinco faixas de desempenho previstas pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) para cada uma das áreas avaliadas pelo ENEM: Linguagens, Matemática, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Redação. A aposta mínima era de R$ 5,00 e a máxima de R$ 1.000,00. Caso o candidato acertasse sua previsão, receberia de volta o valor apostado multiplicado por uma determinada taxa, que variava de acordo com a faixa escolhida e o tamanho da aposta.

Por exemplo, imagine um estudante que apostasse R$ 50,00 na faixa de desempenho 4 (a mais alta) em Matemática e acertasse sua previsão. Nesse caso, ele receberia R$ 125,00, considerando a taxa de 2,5 aplicada à aposta. Já se ele tivesse apostado na faixa 3, receberia R$ 75,00 (taxa de 1,5).

A princípio, a ideia parecia interessante para quem estava confiante em seu desempenho no ENEM. No entanto, ao avaliarmos os números envolvidos no jogo, podemos perceber que ele tinha uma baixa probabilidade de retorno para os jogadores. De acordo com dados do próprio INEP, apenas 2,1% dos candidatos que fizeram suas apostas no ENEM 2013 acertaram todas elas e tiveram algum ganho financeiro. Ou seja, 97,9% dos jogadores perderam dinheiro.

Além disso, é importante considerar as consequências psicológicas desse tipo de jogo. O ENEM é uma prova que já traz consigo uma grande pressão e ansiedade para os estudantes, que são cobrados não apenas por si mesmos, mas também pelos pais, professores e sociedade em geral. Ao acrescentarmos a possibilidade de ganhos ou perdas financeiras, podemos intensificar ainda mais esse estresse e criar uma dinâmica pouco saudável de competição entre os candidatos. Isso sem contar a possibilidade de que algumas pessoas se endividem ou comprometam seu orçamento ao fazerem apostas muito altas.

Diante disso, podemos concluir que o jogo de apostas do ENEM de 2013 não foi uma ideia bem-sucedida. Embora tenha gerado certa curiosidade por sua novidade, os números mostram que ele não tinha uma boa relação entre risco e retorno para os estudantes. Além disso, as possíveis consequências emocionais e financeiras desse tipo de jogo devem ser levadas em conta ao se pensar em projetos futuros semelhantes. O ENEM é uma prova importante demais para ser transformada em um cassino.